quarta-feira, 26 de outubro de 2011

MEC decide anular Enem de todos os alunos de colégio em Fortaleza



O Ministério da Educação (MEC) afirmou nesta quarta-feira que vai anular as provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2011 dos 639 alunos Colégio Christo, de Fortaleza, no Ceará. Segundo o assessor especial do ministro Fernando Haddad, Nunzio Briguglio Filho, não houve vazamento do exame, mas sim a antecipação de algumas questões. A Polícia Federal já foi acionada para esclarecer como isso ocorreu. Os candidatos da instituição, entretanto, poderão refazer a prova.

- Estamos preparados para, no limite, cancelar a prova dos 639 do Christus, oferecer para eles a oportunidade de refazer a prova junto com os presídios e processar o dono da escola. As questões foram antecipadas. Não há como negar isso. A prova não vazou. Mas houve vazamento das questões para os alunos do Colégio Christus, o que é diferente. Como eles chegaram a isso é o mistério - afirma Filho.

Em uma série de mensagens na rede social Twitter, a estudante Quésia Cataldo (@Quesic) deu a entender que a escola também vazou o tema da redação. Num post, ela disse: "valeu @colegiochristus pelo apoio e pela preparação. acertamos a redação e várias questões! =)". Ela ainda falou de perguntas "compradas".

Mais cedo, o Ministério Público Federal do Ceará (MPF/CE) disse que vai encaminhar ao Ministério da Educação uma recomendação para anulação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2011 em todo o país. Após ser acionado por estudantes que fizeram a prova, o procurador da República Oscar Costa Filho constatou a existência de 13 questões idênticas a de um simulado aplicado por um colégio de Fortaleza antes do Enem. As questões eram as seguintes: 32, 33, 34, 46, 50, 57, 74, 87, 113, 141, 154, 173 e 180 (caderno amarelo).

De acordo com o procurador, já está configurado o vazamento das provas. O MPF afirma ainda que considera importante a investigação da Polícia Federal para apurar os responsáveis, mas entende que a situação exige uma atitude do MEC, pois o problema não é pontual.

"É necessário que se imponha, de uma vez, a constitucionalidade no Enem, que significa o direito de recorrer em caso dos candidato se sentirem prejudicados", explicou Costa Filho em nota.


Desde a noite da última terça-feira, circulam nas redes sociais Facebook e Twitter fotos do simulado que teria sido aplicado pelo Colégio Christos, de Fortaleza, na véspera do exame nacional. Procurada, a instituição disse que soltaria uma nota sobre o caso ainda na manhã desta quarta-feira. O Christos é uma das escolas mais tradicionais na cidade, onde possui dez unidades. No ranking do Enem 2010, o colégio apareceu como o 5º melhor do Ceará. A reportagem de O GLOBO encontrou a reprodução de sete enunciados e todos eram iguais aos das provas feitas no fim de semana.

Histórico de problemas atinge o exame

Caso as provas sejam reaplicadas apenas para os 639 alunos do Colégio Christos, essa não seria a primeira vez. No ano passado, cerca de dois mil candidatos precisaram refazer uma parte do Enem devido a problemas de impressão no caderno de questões de cor amarela. Eles o refizeram quando a prova foi aplicada para os presidiários. Em 2009, o mesmo ocorreu no Espírito Santo, quando fortes chuvas atingiram o estado e impossibilitaram a realização do exame.

Isso só é possível sem ferir a isonomia do concurso porque desde 2009 é utilizada a Teoria da Resposta ao Item (TRI) no cálculo da pontuação final. Pela TRI, as questões são divididas em três categorias, fácil, médio e difícil, e possuem pesos diferentes. A introdução desta metodologia, já utilizada em diversas avaliações de larga escala, como SAT americano, permite a comparação de resultados dos candidatos, mesmo que não tenham respondido às mesmas perguntas.

O Globo

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